Postagens

Mostrando postagens de junho, 2011

O Menino de Realengo

O Menino de Realengo sempre foi um rapaz triste e desde cedo sofreu com a exclusão da sociedade. Introspectivo, vivia às margens das frivolidades púberes de seus colegas de escola. Não participava das atividades, não ia lá na frente resolver problemas no quadro. Na chamada, sua voz quase inaudível era sempre substituída por algum gracejo debochado de um espírito de porco pré-adolescente. Era açoitado sem açoite, pisoteado sem pé, e sem entender o porquê de tudo aquilo. O Menino de Realengo foi crescendo. Crescendo dentro de sua alma também estava o ódio que sentia de tudo e de todos. Depois da morte de sua única amiga, sua mãe, perdeu completamente o rumo. Cada vez mais fechado, foi se tornando uma efígie encostada em um canto qualquer da sala de aula ou de outros lugares os quais costumava freqüentar. Não conversava com ninguém, não brigava com ninguém, não beijava ninguém. Era um zero sempre à esquerda da esquerda de qualquer atividade que reunisse os jovens do bairro. De repente o M

Messi Cristina Barcelona

E lá se foi Cristina. Deixou sua querida Rosário para descobrir os encantos de Barcelona. Ia ao encontro de sua prima de segundo grau, que não conhecia pessoalmente, apenas pelo Facebook. O convite veio depois de muito papo, onde Clara lhe contou sobre a maravilha que era viver na cidade catalã, como se apaixonou pelo jornalismo e pelo fantástico time de futebol local. Esse assunto, por sinal, era o único nos quais seus pensamentos não conciliavam. Assim como sua prima, Cristina também era apaixonada por jornalismo, que pretendia começar a estudar no próximo ano, e adorava futebol. Mas para ela, o melhor time do mundo era o Real Madrid, e o melhor jogador, Cristiano Ronaldo. Por algum motivo odiava Messi e ignorava seus lances esplêndidos. Por mais que Clara lhe interrogasse, os motivos sempre soavam banais e sem sentido. Chegou ao saguão do aeroporto, ansiosa. Clara já a estava esperando com um largo sorriso que combinava com seus olhos cor-de-mar. Se abraçaram como se não se co