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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Minha primeira dança

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Nem acredito que fez trinta! Ali na sala, sobre o chão de vermelhão, sob os olhares divertidos de pais, tios, primos e avós. Queriam que dançássemos, mas só tínhamos olhos para TV. Seus cabelos trançados e o macacão azul combinavam com o meu cabelão alvoraçado, shortinho amarelo e canelas russas. Sempre que fico saudoso, volto àquele lugar, aquela cena. Não só por ser uma das minhas primeiras lembranças da vida, mas por que ali conhecia minha primeira amiga. Sim, você pode não saber, mas foi. Por vezes sentava no meio-fio em frente a casa da Vó Drega à sua espera, todos os fins de semana festivo. Gostava mais de sua presença na páscoa do que chocolate. Crescemos. Seguimos nosso caminho, nossas vidas. Vez ou outra nos encontramos, em ocasiões tristes e felizes. E sempre está lá, sorrindo. As brincadeiras bobas e as provocações nós conservamos, como se voltássemos a ser aquelas crianças arteiras. E eu sei que nesse sorriso tem a genuinidade, a mesma que via quando debocháva

Baleia

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Fabiano matou Baleia. Por que era necessário, ao menos em sua lógica grotesca de pura ignorância. Como poderia saber? Se martirizou por isso. Para quem conhece a obra-prima de Graciliano Ramos sabe que na realidade fictícia, mas real, criada pelo autor, até mesmo na ignorância reside a compaixão. Fabiano se criou da truculência, em que sobreviver e manter sua família viva, em um cenário de miséria extrema no sertão nordestino, estava acima de qualquer coisa. Mas, sabemos que ele se ressentiu. Baleia era mais do que uma cachorra ou um enfeite de família perfeita. Era uma integrante vivaz daquele círculo, que sofreu suas dores, se divertiu com os meninos, lhes arranjou comida e zelava por sua segurança. Infelizmente nem todo animalzinho é tratado como um familiar e sim uma figura de status. Quanto mais nobre a raça, mais fotos e curtidas, mais o ego dos “donos” se infla. Mas, quando as prioridades mudam, não pensam duas vezes. Chegou o bebê! Dão o pet a um amigo. “Mas vai ter