Eu precisava dizer que Te amo
Era aquele o momento. Não poderia passar. Cresci em uma comunidade provinciana, cá para nós, roça mesmo. Acostumei desde cedo às truculências de uma vida difícil, sempre batalhando para ter, comer ou fazer algo que preenchesse o mínimo possível de conforto físico ou intelectual. Não por culpa de minha família. Meu pai, João para meus familiares, Criolo para os conhecidos, Pai para eu e meus irmãos. Aquele sujeito pacato, engraçado, cheio dos bordões famosos. Nunca deixou que nada nos faltasse e nem à sua mãe, que tanto amava. Sim, estava a lembrar disso naquela tarde ensolarada do dia dos pais de 2005, no Hospital João Felício. Tentava disfarça a terrível tristeza de vê-lo definhar, logo ele, que sempre foi um exemplo de vitalidade. Trabalhava a semana inteira como carpinteiro em obras e ainda lhe sobrava energia para uma capina, um conserto qualquer que nossa humilde casa necessitava, e sempre necessitava. Com o passar do tempo eu e meu irmão encontrávamos tempo para ajudá-lo...