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Dois meninos

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Pela janela do barulhento coletivo Gugu se deslumbrava com a paisagem. Nada de extraordinário, apenas mais do mesmo que sempre vira quando acompanhava a mãe nos passeios na “cidade”, forma estranha de como os periféricos chamam o centro da cidade. Era seu aniversário, por isso o motivo do passeio intransigente comandado pelo seu irmão, apenas três anos mais velho, mas que não demonstrava apreensão, mesmo que seus treze e poucos não passasse confiança alguma. Mas lá estava ele, determinado a cumprir uma promessa, tola, daquelas que falamos para que alguém nos deixe em paz, como foi o caso. Mas o pequeno não esqueceu. Lembrava dia após dia, contava-os com uma fidelidade sagrada. Sua mãe ria e passava uma reprimenda no filho mais velho por sugerir algo que não poderia cumprir. Ela, até poderia, se a labuta não lhe tirasse de casa seis dias por semana, dez horas por dia. Pai, não tinham, não conheciam, não lhes fazia falta. A mãe bancava a casa, pagava as contas e educava os filhos de