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Do pai e do filho

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De todos os nomes, agradáveis ou não, que meu pai foi chamado, avô, vô e vovô não estavam entre elas. Há exatamente 14 anos ele deixava o mundo sem ter experimentado a sensação de jogar sua netinha para cima, pegar o netinho pela mão e levá-lo ao jogo do Manejo. Não pode fazer dela uma fanática pelo Flamengo, e nem ter feito dele um camisa 10 de arrancar seus gritos eufóricos da arquibancada. Não soltará seus foguetes de três tiros quando ela passar no vestibular, e nem dará conselhos a ele quando conseguir seu primeiro emprego. Não, ele não estará lá. Não da forma que sempre cobramos que seja. Mas aí que entra seu filho. Cinquenta por cento de sua essência. Se formos compararmos em termos de generosidade, aposto em uns 75 por cento. Sim, meu irmão será o pai que meu pai foi para ele. Será gentil, educará sem rispidez ou palmadas. Fará tudo o que for possível para que não lhe falte nada e será um fã incondicional de todas as atividades que praticar. Dirá a todos que seu filho

Tangerina!

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Naquela sexta-feira chuvosa nem queria sair de casa. Minha mãe não permitia matar aula assim, arbitrariamente, então tive de ir. Meus caderninhos no saquinho de açúcar não molhariam, mas minha blusinha sim. Não tínhamos uma sombrinha, mas minha mãe dizia que “se for rápido, não molha muito”. Não era maldade, e eu sabia disso. Sorte a minha. A professora preparou uma surpresa para a turma: depois da merenda teríamos gelatina! Endoidei. Nunca havia provado gelatina, isso aos 6 anos na 1ª série. Ditados, fatos e a hora que não passava. Toca o sino e todo mundo vai merendar, já com a cabeça na sobremesa. Eis que chega o momento. As canequinhas amarelas e as colheres são distribuídas. Tentei não passar ansiedade de um debute e fui um dos últimos a pegar em meio aos “hummm” dos coleguinhas. Me sentei lá no fundinho, onde gostava de ficar até o fim daquele ano letivo. A primeira colherada foi um tanto marcante. Aquele troço molenga que em contato com a língua derretia. Era uma quantidade