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Mostrando postagens de 2015

Crônicas da saudade: Tudo aquilo que não vivemos

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Ah, como estou com saudade! Lembra daquele dia, em que o Flamengo ganhou do Vasco na final da Copa do Brasil? Até hoje morro de rir dos nossos vizinhos irritados com os foguetes de três tiros que insistiu em soltar depois da meia-noite. Só não foi mais louco que aquele dia do título brasileiro de 2009. Nossa, como a gente gritou na rua, como um bando de gente doido. Nossa, parece que foi ontem... E o dia em que a Flávia concluiu o terceiro ano. Nossa, você quase chorou de tanto orgulho, já que sempre quis que ela terminasse os estudos, pois você adorava se gabar com todo mundo  que sua filha era a mais inteligente da comunidade. Lembro direitinho no dia em que ela nos mostrou as notas do ENEM. Primeiramente você não entendeu o que tudo aquilo significava, mas quando lhe disse que 100 pontos (!!!) em uma redação de nível nacional era um absurdo, correu para a venda comprar um frango pra janta. Comemos até ter de tomar bicarbonato depois. Sem esquecer da formatura do Eder. C

Crônicas da saudade: 19:44

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Era uma quarta-feira. Cansado depois de mais uma noite de serviço no 10º Batalhão de Infantaria, precisava demais de descanso. A cabeça estava a mil. Naquele dia havia descoberto que meu pai estava com câncer e que um de seus pulmões já não funcionava mais. Lembro que meu irmão disse mais uma dezena de frases sobre o tratamento, mas não ouvi mais nada. Apenas equacionei algo que sempre pensei depois que esta doença (que dizem para não falar o nome) começou a matar mais que a Aids os famosos dos noticiários, que câncer + pobre = morte. Ao ouvir a deliciosa melodia que marcava o final do expediente, coloquei uma mochila nas costas e fui para casa de meus amigos. A casa da Dorvalina e seus filhos sempre foi para mim uma segunda casa, onde sempre fui tratado com carinho e amizade, como parte da família mesmo. Pouco disse depois que cheguei. Ainda não tinha forças para dizer aquela notícia sem chorar. Não queria chorar, tinha de ser o forte, aquele que ampararia todos quando o mome

Crônicas da saudade: Aquele Jogo

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Manejo e Vila São Geraldo é o que pode se comparar a Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco ou um Gre-Nal no nosso modesto futebol amador. Pela proximidade das comunidades e o convívio cotidiano, uma vitória sobre o rival no campeonato inter-distrital de Lima Duarte era motivo de alegria e escárnio por algum tempo. Mas, aquele era diferente. Tinha algo a mais. Era exatamente sete dias após a morte de um de seus torcedores mais fervorosos, que se foi ocupando o cargo de vice-presidente. João Batista da Silva, o Criolo, acompanhava a equipe seja onde quer que fosse, ganhando ou perdendo. Por isso, vencer aquele clássico estava acima de qualquer outra coisa. A equipe andava desmotivada, quase eliminada prematuramente na primeira fase. Mas, naquele jogo não haveria qualquer coisa que diminuísse o ânimo. O atacante, Cuíca, era filho de Criolo, e sempre foi ídolo de seu pai no futebol, e já se desmanchara em lágrimas no discurso dentro vestiário. Como eram todos amigos, “fecharam”

Crônicas da saudade: O adeus à terra encantada

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Aquela sexta-feira foi diferente. Anormal para alguém que raras vezes passava mal. O ar lhe faltava e a gripe anunciada aos familiares estava mais forte do que pensava, aliás, jamais havia se sentido tão combalido. Filhos e esposa estavam assustados, devido nunca terem visto fraquejar frente a nada. A dor nas costas também o incomodava. A decisão foi difícil, porém inevitável.  Levantou-se da cama, começou a se trocar, se sentiu tonto, sentou-se.  Dona Neuza entrou em uma roupa com tanta rapidez que nem ele percebeu quando a esposa o apressou para não perder o ônibus. Saíram pelos fundos, para evitar olhares curiosos. Dona Neuza sempre foi contra dar satisfações de sua vida para o outros. Não conseguiram fazer com que seu fiel cão de estimação ficasse para trás. Na caminhada da casa até o ponto do ônibus, que era curta, porém naquele momento lhe pareceu uma eternidade, se lembrou de grandes histórias que viveu em sua terra encantada. O Manejo era seu reduto, onde se sentia l

Às mulheres de minha vida

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Sabe, quando era criança, sempre me perguntei por qual motivo deveria existir o Dia Internacional da Mulher. Ficava indignado mesmo, ouvia minha mãe e minha irmã se sentirem especiais naquele dia e me surpreendia com uma inveja tola. Com o passar dos anos, cresci lendo, vendo e sentindo o motivo da importância de tal dia. Hoje, relembrando minha trajetória e minhas vitórias, percebo que todas estão ligadas às mulheres de minha vida, aquelas que com uma palavra ou gesto conseguiram me direcionar ao caminho de homem feliz que sigo atualmente. Por tudo isso agradeço: À minha mãe, Dona Neuza, mulher que não aparenta, mas é de uma força extraordinária, que soube vencer todas adversidades e fazer com que eu me tornasse uma pessoa respeitável e respeitadora.  À minha irmã Flavia, que foi minha primeira grande amiga, minha primeira professora, e que sempre esteve do meu lado quando estive certo e errado. À minha professora do pré-escolar, Jane, sim, pois com sua bondade e paci