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Réquiem para um Cão

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Era mais do que um mero animal. Um irmão, aquele mais novo que não tive humano. Desde o distante 1º de abril de 2001 em que apareceu à trote curto e assustado atrás de meu pai, Nego se tornou mais que um bichinho de estimação. O cachorro preto e esguio venceu a desconfiança da matriarca, que sempre criava algum rebu quando adotávamos algum pobre animalzinho, e virou uma espécie de capanga canino do Seu João, meu pai. Aonde ia João, lá estava Nego. Nas pescarias nas quais faltava peixe, mas não animação, o cão montava guarda para evitar qualquer intempérie que a fauna ribeirinha pode causar a um ser humano. Em pouco tempo se tornou o melhor amigo de meu pai. Eram inseparáveis! Quando um aparecia, lá vinha o outro atrás. Se não era tratado a pão de ló, sua refeição dominical tinha frango e maionese. Três anos depois, já havia quebrado o recorde de convivência em nossa casa. A maioria de nossos animais de estimação ou morriam na BR-267, que corta os fundos de nosso terreno, ou na covard

Meus Friends!

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Toda vez que assisto a uma série que tem o principal tema a amizade, sempre fico imaginando eu e os meus amigos estrelando um sitcom.   Cada qual desempenhando um papel, com perfis definidos, com uma pluralidade agradável e, principalmente, com seus apelidos maravilhosos. O principal momento da minha vida em amizades com certeza foi a adolescência, e acredito ter sido a da grande maioria das pessoas, quando as prioridades e preocupações cabiam em um bom papo no final da tarde. Uma pena que o conservadorismo da época impediu que tivessem garotas na turma! Enfim, nessa série imaginária, tenho grandes personagens a destacar, uns de grande efetividade no meu cotidiano, outros com participações especiais, sempre dando as caras em momentos divertidos, ou não. Bem, espero que gostem da brincadeira! Paulo César da Silva – O “Rolero” Eu mesmo! Metido a saber de tudo, o tal inteligentão. Não sabia de merda nenhuma quase, contudo, mais que o restante dos zé ruelas. Também o famoso vinagrete

A VIAGEM DE TITI E MANOELA

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Olá visitante! Venho por meio deste post apresentar a vocês meu primeiro livro publicado, de forma independente e na raça, que foi um sonho que realizei. Ele narra uma história de amizade entre uma menina e uma cadelinha. Vocês acham possível que tenhamos como alma gêmea um pet? Nas páginas vocês encontrarão a resposta. Além disso, espero que vocês se divirtam e se emocionem se lembrando daquele amigo especial que está ou esteve presente em momentos importantes de sua vida. Aqui, além da apresentação, vou disponibilizar o primeiro capítulo e meu contato, caso se interessem em adquirir um exemplar! Antes de mais nada, quem sou eu? Meu nome é Paulo César da Silva, nascido em Barra do Piraí – RJ, em 30 de dezembro de 1985. Passei toda minha infância e adolescência em Manejo, pequeno distrito rural de Lima Duarte, cidade da zona da mata mineira. Aos 20 anos, me mudei para Juiz de Fora – MG, onde me formei em Comunicação Social no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Já

Saudade da Morena

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Wanessa estava atenta aos sinais. Ao ir para a academia logo pela manhã, o recado estava no poste de energia a apenas alguns metros de sua casa. Pela janela da condução, que a levava de Benfica ao centro, dezenas daquelas mensagens espalhadas em muros e placas de sinalização. Na parede externa de seu trabalho, também. Pelas ruas, prédios e até carros, alguém estava querendo lhe falar e só agora, finalmente ela entendeu. Era daquelas morenaças, voluptuosa, bonita, porém um tanto arrogante. Sempre bem vestida em alguma coisa que valorizasse suas curvas. Óculos brilhantes, batom impecável e exalando um cheiro amadeirado do último perfume lançado pela marca famosa. Metida à besta. Não dava trela a qualquer malandro com a conversa mole. Havia namorado meia dúzia de boyzinhos, dos mais variados estilos. O homem tinha que ser tudo aquilo que ela admirava: honesto, romântico e bonito também. Todavia, seus próprios defeitos os afastavam. Diziam que seu narcisismo, egoísmo e megaloma

Dois meninos

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Pela janela do barulhento coletivo Gugu se deslumbrava com a paisagem. Nada de extraordinário, apenas mais do mesmo que sempre vira quando acompanhava a mãe nos passeios na “cidade”, forma estranha de como os periféricos chamam o centro da cidade. Era seu aniversário, por isso o motivo do passeio intransigente comandado pelo seu irmão, apenas três anos mais velho, mas que não demonstrava apreensão, mesmo que seus treze e poucos não passasse confiança alguma. Mas lá estava ele, determinado a cumprir uma promessa, tola, daquelas que falamos para que alguém nos deixe em paz, como foi o caso. Mas o pequeno não esqueceu. Lembrava dia após dia, contava-os com uma fidelidade sagrada. Sua mãe ria e passava uma reprimenda no filho mais velho por sugerir algo que não poderia cumprir. Ela, até poderia, se a labuta não lhe tirasse de casa seis dias por semana, dez horas por dia. Pai, não tinham, não conheciam, não lhes fazia falta. A mãe bancava a casa, pagava as contas e educava os filhos de

Do pai e do filho

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De todos os nomes, agradáveis ou não, que meu pai foi chamado, avô, vô e vovô não estavam entre elas. Há exatamente 14 anos ele deixava o mundo sem ter experimentado a sensação de jogar sua netinha para cima, pegar o netinho pela mão e levá-lo ao jogo do Manejo. Não pode fazer dela uma fanática pelo Flamengo, e nem ter feito dele um camisa 10 de arrancar seus gritos eufóricos da arquibancada. Não soltará seus foguetes de três tiros quando ela passar no vestibular, e nem dará conselhos a ele quando conseguir seu primeiro emprego. Não, ele não estará lá. Não da forma que sempre cobramos que seja. Mas aí que entra seu filho. Cinquenta por cento de sua essência. Se formos compararmos em termos de generosidade, aposto em uns 75 por cento. Sim, meu irmão será o pai que meu pai foi para ele. Será gentil, educará sem rispidez ou palmadas. Fará tudo o que for possível para que não lhe falte nada e será um fã incondicional de todas as atividades que praticar. Dirá a todos que seu filho

Tangerina!

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Naquela sexta-feira chuvosa nem queria sair de casa. Minha mãe não permitia matar aula assim, arbitrariamente, então tive de ir. Meus caderninhos no saquinho de açúcar não molhariam, mas minha blusinha sim. Não tínhamos uma sombrinha, mas minha mãe dizia que “se for rápido, não molha muito”. Não era maldade, e eu sabia disso. Sorte a minha. A professora preparou uma surpresa para a turma: depois da merenda teríamos gelatina! Endoidei. Nunca havia provado gelatina, isso aos 6 anos na 1ª série. Ditados, fatos e a hora que não passava. Toca o sino e todo mundo vai merendar, já com a cabeça na sobremesa. Eis que chega o momento. As canequinhas amarelas e as colheres são distribuídas. Tentei não passar ansiedade de um debute e fui um dos últimos a pegar em meio aos “hummm” dos coleguinhas. Me sentei lá no fundinho, onde gostava de ficar até o fim daquele ano letivo. A primeira colherada foi um tanto marcante. Aquele troço molenga que em contato com a língua derretia. Era uma quantidade