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A primeira vez ninguém esquece

Ah! A primeira vez. Pode parecer clichê, frase feita que sai naturalmente, mas mesmo piegas, é a mais pura verdade. Dia desses estava me lembrando da minha, há 9 anos atrás. Sim, já estava bem atrasado em relação a alguns colegas. Inventava que já havia acontecido, que era maravilhoso, coisa e tal. A verdade é que só ficava na imaginação. Quebrava o galho com a TV, me ajudou muitas vezes tarde da noite, supria minha necessidade. Mas a verdade é que ainda não tinha chegado lá, e morria de inveja de meus colegas contando de suas experiências maravilhosas. Torcia o nariz, ficava aborrecido, desdenhando e mentindo. Mas por dentro me corroia de vontade. Mas me entendam, na roça não era fácil conseguir uma oportunidade, lá sequer tinha lugar para conseguir o que eu queria. Eis que surge a grande oportunidade. Estava no ensino médio, e lá me sentia o tal. Mesmo sem nunca ter experimentado, a TV já me dava conteúdo para discutir sobre o assunto, até com certa autoridade. E foi em uma ex

Eu precisava dizer que Te amo

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Era aquele o momento. Não poderia passar. Cresci em uma comunidade provinciana, cá para nós, roça mesmo. Acostumei desde cedo às truculências de uma vida difícil, sempre batalhando para ter, comer ou fazer algo que preenchesse o mínimo possível de conforto físico ou intelectual. Não por culpa de minha família. Meu pai, João para meus familiares, Criolo para os conhecidos, Pai para eu e meus irmãos. Aquele sujeito pacato, engraçado, cheio dos bordões famosos. Nunca deixou que nada nos faltasse e nem à sua mãe, que tanto amava. Sim, estava a lembrar disso naquela tarde ensolarada do dia dos pais de 2005, no Hospital João Felício. Tentava disfarça a terrível tristeza de vê-lo definhar, logo ele, que sempre foi um exemplo de vitalidade. Trabalhava a semana inteira como carpinteiro em obras e ainda lhe sobrava energia para uma capina, um conserto qualquer que nossa humilde casa necessitava, e sempre necessitava. Com o passar do tempo eu e meu irmão encontrávamos tempo para ajudá-lo

À Dois

Acordar e ver aquela pessoa ao seu. Perceber que sua vida já não é mais a mesma. Agora há um caminho que se divide, preocupações que se somam, responsabilidades que se multiplicam, porém não existem subtrações. São comunhões, respeito mútuo, e decisões a serem tomadas não com permissões, mas com conversas. Levantar e olhar para a cama e sentir aquele calor no peito, a sensação de segurança. Ter a consciência de que tem alguém que o espera em casa, ou que você está esperando. Tarefas compartilhadas, alegrias e frustrações também. Saber que o ser humano é constituído de bons e maus momentos, e entender o mau humor e aproveitar o sorriso fácil. Lavar o rosto na pia do banheiro e ver duas escovas de dente, sentir certo estranhamento, perceber que a ficha ainda não caiu. É saber a hora de ouvir desabafos e se não tiver uma única palavra, que um abraço sincero esteja à disposição. Problemas vão surgir, momentos difíceis também, mas o amor e companheirismo deixarão, com certeza, tudo mais s

À flor da pele

E decidiu provar para todos que estavam errados. Não era a pessoa estressada que diziam e nem dava chiliques. Ora bolas. Sua esposa sempre o repreendendo, o que são alguns pratos? Aproveitou o dia de folga dado pelo seu patrão, “para relaxar”, disse com aquela cara de bosta que o deixava ainda mais antipático. Queria ver dar aquele sorriso de canto de boca se lhe desse um ..... Pronto, parei. Não preciso ficar irritado. Pegou a vassoura e resolveu limpar a casa. Maldita mesa, devia ter comprado uma maior. Pronto, tudo limpo, ou quase, tá certo, tava uma merda. Deu de ombros, não iria se estressar. Sentou-se para ver TV. O enfado posou lhe aos olhos, nada de bom nos canais abertos, este filme já vi, pra quê pago esta porra de assinatura se os melhores filmes passam de madrugada? Colocou nos esportes. Segunda-feira, só tem futebol americano, inferno, futebol jogado com a mão não é futebol. Americanos estúpidos. Desligou a TV. Comeu o resto do almoço de domingo, bebeu um refrigerante