Tangerina!
Naquela sexta-feira chuvosa nem queria sair de casa. Minha mãe não permitia matar aula assim, arbitrariamente, então tive de ir. Meus caderninhos no saquinho de açúcar não molhariam, mas minha blusinha sim. Não tínhamos uma sombrinha, mas minha mãe dizia que “se for rápido, não molha muito”. Não era maldade, e eu sabia disso. Sorte a minha. A professora preparou uma surpresa para a turma: depois da merenda teríamos gelatina! Endoidei. Nunca havia provado gelatina, isso aos 6 anos na 1ª série. Ditados, fatos e a hora que não passava. Toca o sino e todo mundo vai merendar, já com a cabeça na sobremesa. Eis que chega o momento. As canequinhas amarelas e as colheres são distribuídas. Tentei não passar ansiedade de um debute e fui um dos últimos a pegar em meio aos “hummm” dos coleguinhas. Me sentei lá no fundinho, onde gostava de ficar até o fim daquele ano letivo. A primeira colherada foi um tanto marcante. Aquele troço molenga que em contato com a língua derretia. Era uma quantidade ...