O Menino de Realengo
O Menino de Realengo sempre foi um rapaz triste e desde cedo sofreu com a exclusão da sociedade. Introspectivo, vivia às margens das frivolidades púberes de seus colegas de escola. Não participava das atividades, não ia lá na frente resolver problemas no quadro. Na chamada, sua voz quase inaudível era sempre substituída por algum gracejo debochado de um espírito de porco pré-adolescente. Era açoitado sem açoite, pisoteado sem pé, e sem entender o porquê de tudo aquilo. O Menino de Realengo foi crescendo. Crescendo dentro de sua alma também estava o ódio que sentia de tudo e de todos. Depois da morte de sua única amiga, sua mãe, perdeu completamente o rumo. Cada vez mais fechado, foi se tornando uma efígie encostada em um canto qualquer da sala de aula ou de outros lugares os quais costumava freqüentar. Não conversava com ninguém, não brigava com ninguém, não beijava ninguém. Era um zero sempre à esquerda da esquerda de qualquer atividade que reunisse os jovens do bairro. De repente o M...