No Dia dos Pais sempre teve Frango!

No Dia dos Pais sempre teve frango. Raramente meu pai deixava de comer um "tira-gosto" nos domingos em que estava presente em casa. Mesmo sem dinheiro ou crédito, lá estava o frango, o "figuinho", a moela ou qualquer outro tipo de carne que pudesse conseguir. O domingo para ele era especial. Acordava cedo, se ocupava com algum afazer da casa, como capinar o terreiro. Parecia adorar tanto quanto eu odeio. Logo após já estava na casa de sua mãe. Jamais deixou de comparecer lá ao menos para lhe tomar uma "bença". Aí vinha os amigos, o boteco, a bebida, mas não o suficiente para evitar que voltasse para casa a tempo de pegar o almoço quentinho e o "tira-gosto" saboroso no ponto. Depois tinha o cochilo. Inevitável. Porém, nunca tempo demais para que perdesse o jogo do Flamengo na TV, o do primeiro time do Manejo lá no campo. Domingo era seu dia. À noite chegava em casa cedo. Comia a comida requentada do almoço, obviamente com aquele restinho do "tira-gosto", assistindo a qualquer bobagem que a TV dia de domingo passasse. Ria de bobeiras, brincava com as crianças, e não largava seu algoz, sempre ali entre seus dedos, a envenená-lo, a espera dos gols do Fantástico. Enfim dormia. A gente nunca o via sair às cinco da madruga para enfrentar um caminhão que o levaria para outra cidade, para mais uma quinzena longe, na labuta. Há doze anos, num domingo de Pais não teve frango. Não servem isto a doente no hospital. Não teve a capina, a visita à mãe, nem aos amigos. Nem o jogo quis ver. às onze da noite daquele dia ele se foi. Nunca mais teve frango no Dia dos Pais. Se bem que nos ficou a saudade, a lembrança, isso não pode nos ser privada. Ainda bem. Então decretamos, sempre haverá frango no Dia dos Pais, se não na mesa, ao menos no coração daqueles que se lembram. No Dia dos pais  sempre haverá frango! 

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