Minha primeira dança



Nem acredito que fez trinta!

Ali na sala, sobre o chão de vermelhão, sob os olhares divertidos de pais, tios, primos e avós. Queriam que dançássemos, mas só tínhamos olhos para TV. Seus cabelos trançados e o macacão azul combinavam com o meu cabelão alvoraçado, shortinho amarelo e canelas russas. Sempre que fico saudoso, volto àquele lugar, aquela cena. Não só por ser uma das minhas primeiras lembranças da vida, mas por que ali conhecia minha primeira amiga. Sim, você pode não saber, mas foi. Por vezes sentava no meio-fio em frente a casa da Vó Drega à sua espera, todos os fins de semana festivo. Gostava mais de sua presença na páscoa do que chocolate.

Crescemos. Seguimos nosso caminho, nossas vidas. Vez ou outra nos encontramos, em ocasiões tristes e felizes. E sempre está lá, sorrindo. As brincadeiras bobas e as provocações nós conservamos, como se voltássemos a ser aquelas crianças arteiras. E eu sei que nesse sorriso tem a genuinidade, a mesma que via quando debochávamos do falecido tio Zanata bêbado.

Pode ser que não nos encontremos muito e eu sei que é por minha parte, pois não sou muito de visitas. Mas você pode ter a certeza que é inesquecível para mim, e sempre será. Todas as vezes que fico triste, lembro de tudo de bom que tenho em minha vida, e que para ter chegado até aqui, passei pela aquela sala, aquela dança, pela aquela menina com o macacãozinho azul. Minha primeira dança é a dança da minha felicidade. Por isso te carregarei até o fim, não importa o quão distantes e separados estejamos. Lembrar de você me deixa feliz!

Nem acredito que fez trinta, mas espero que ainda esteja aqui para lhe escrever nos quarenta, cinquenta, sessenta...

Feliz aniversário Dreguinha!




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