Um dia em setembro
Naquele dia acordei estranho. Senti a cabeça pesada, como se tivesse tomado todas na noite anterior. O sol não brilhava. O fosco daquela manhã parecia o prenuncio de uma tempestade que não caía há algumas semanas. O cheiro da brisa poeirenta irritava ainda mais a minha renite. O som dos pássaros estava baixo, como se pressentissem algo de cruel naquele dia. Nem o delicioso café da mamãe parecia tão saboroso quanto antes. Ao caminhar pela rua de chão batido do lugarejo onde morava, percebi que quase ninguém estava nela. A dona Catarina varria o terreiro como de costume, mas não cantarolava suas velhas canções. O Seu Dico apenas abanou a cabeça para me cumprimentar do portão, o que não era de seu feitio, adorava as pilhérias. A casa de meu amigo, o segundo melhor lugar do mundo para mim naquela época, estava silenciosa. Concluí que alguma coisa estava acontecendo. Na sala, Adriana estava atônita frente à TV. Perguntei pelo irmão dela, mas não houve resposta. Sentei-me ao seu lado e ver...