O homem que não tinha Facebook
E lá estava eu, naquela indecisão frente à tela inicial de cadastro da rede de relacionamentos que já coletou mais de 800 milhões de pessoas para sua turminha. Sim, falo do Facebook. Antes de arrastar a setinha para o botão que derradeiramente me incluiria no paraíso virtual criado por um grupo de “amigos” envoltos em uma grande novela de litígios judiciais, percebi que estava me traindo. Já que acredito veemente na futilidade de tal interação artificial.
Imaginei tudo o que o enlace poderia me trazer de benefícios, sim, apesar de a maioria dos usuários utilizarem a rede apenas para o cultivo de egos inflados, é uma ferramenta de muita utilidade nestes tempos estranhos. Contratam-se profissionais de mais variadas áreas através dela. É, ela serve para os carrascos de RHs observar a conduta do postulante à vaga de uma empresa. É como se fosse a virtualização da máxima “me diga com quem andas que lhe direi quem és”. Será?
Pois não faz sentido. Nas telas do diário aberto a olhos famintos por saber da vida alheia, são postos a julgamento apenas uma parte do caráter de uma pessoa. A parte boa. É como se todo mundo lá fosse legal. Participam de festas interessantes, postam links de vídeos e músicas pops, trabalham e estudam nas melhores instituições. Um jogo de dados viciados a só darem números pares, um jogo de cara ou coroa onde a cara sempre vence. O ing sem o iang. Uma imagem de um indivíduo verdadeiramente e ao pé da letra virtual.
E o mais triste é pensar que o progenitor de toda essa febre é um cidadão desprovido de caráter (Pelo menos é o que dá pra entender do livro Bilionários por Acaso de Ben Mezrich e adaptado para as telonas em A Rede Social, de David Fincher). Uma pessoa que cria a maior máquina de fazer amigos virtuais, que ironia, perdeu os poucos bons que tinha. Como assim, que mundo apocalíptico é esse? Seremos reduzidos a figuras rotundas e sedentárias que vivem relacionamentos de mentira e ignoramos um bom papo frente a frente?
Tão assustador, tanto que me fez hesitar novamente. Por que preciso disso? Mas aí percebo que no mundo atual não há mais espaços para revoluções solitárias. Quem não se adapta à nova ordem mundial, é candidato ao ostracismo social. Isso não é mais balela de um teórico chato francês, a cibercultura e a “era da mídia” são inevitáveis. O jeito é se render.
Na verdade, o problema é de quem quiser me conhecer na rede. Ali estará um avatar concebido das mais extraordinárias virtudes, um pomo maduro e sem sabor. Terão de se contentar com uma falsa impressão que só mamãe, irmãos e minha noiva conhecem as falhas. Aproveitarei os benefícios que a conexão poderá me trazer, dane-se o resto.
Pressiono a confirmação e recebo as boas-vindas simpáticas do Facebook.
Imaginei tudo o que o enlace poderia me trazer de benefícios, sim, apesar de a maioria dos usuários utilizarem a rede apenas para o cultivo de egos inflados, é uma ferramenta de muita utilidade nestes tempos estranhos. Contratam-se profissionais de mais variadas áreas através dela. É, ela serve para os carrascos de RHs observar a conduta do postulante à vaga de uma empresa. É como se fosse a virtualização da máxima “me diga com quem andas que lhe direi quem és”. Será?
Pois não faz sentido. Nas telas do diário aberto a olhos famintos por saber da vida alheia, são postos a julgamento apenas uma parte do caráter de uma pessoa. A parte boa. É como se todo mundo lá fosse legal. Participam de festas interessantes, postam links de vídeos e músicas pops, trabalham e estudam nas melhores instituições. Um jogo de dados viciados a só darem números pares, um jogo de cara ou coroa onde a cara sempre vence. O ing sem o iang. Uma imagem de um indivíduo verdadeiramente e ao pé da letra virtual.
E o mais triste é pensar que o progenitor de toda essa febre é um cidadão desprovido de caráter (Pelo menos é o que dá pra entender do livro Bilionários por Acaso de Ben Mezrich e adaptado para as telonas em A Rede Social, de David Fincher). Uma pessoa que cria a maior máquina de fazer amigos virtuais, que ironia, perdeu os poucos bons que tinha. Como assim, que mundo apocalíptico é esse? Seremos reduzidos a figuras rotundas e sedentárias que vivem relacionamentos de mentira e ignoramos um bom papo frente a frente?
Tão assustador, tanto que me fez hesitar novamente. Por que preciso disso? Mas aí percebo que no mundo atual não há mais espaços para revoluções solitárias. Quem não se adapta à nova ordem mundial, é candidato ao ostracismo social. Isso não é mais balela de um teórico chato francês, a cibercultura e a “era da mídia” são inevitáveis. O jeito é se render.
Na verdade, o problema é de quem quiser me conhecer na rede. Ali estará um avatar concebido das mais extraordinárias virtudes, um pomo maduro e sem sabor. Terão de se contentar com uma falsa impressão que só mamãe, irmãos e minha noiva conhecem as falhas. Aproveitarei os benefícios que a conexão poderá me trazer, dane-se o resto.
Pressiono a confirmação e recebo as boas-vindas simpáticas do Facebook.
Finalmente, eu diria. A gente sempre tem essa conversa sobre o Zuckerberg. É um lugar, sim, de exposição de egos e falsas verdades, mas é tal da interatividade que todo mundo sempre quis!
ResponderExcluirAh, lá você pode ser sem educação também!!!!!