A Lenda de um rapaz Incomum


Amava cinema. Uma dentre as poucas boas coisas que amava. Odiava o Zorra Total. Uma dentre as inúmeras coisas boas e ruins que odiava. Sim, é complexo, como sua trajetória, seu comportamento, capaz de sair na porrada com um colega e beber com ele horas ou minutos depois. Sempre foi assim, indomável, sem meias palavras, sem regras de etiqueta (pobres professoras) que o fizessem comum. Era incomum. Na capacidade de ser espontâneo, de jogar futebol, de ser incoerente. Se dizia cagar para o mundo, mas enxergava alguma beleza nele que fazia com escrevesse poesias em seu caderno de matemática, quase sem anotações, óbvio. Sim amigos, o mesmo rapaz que atravessava “corredor polonês” na escola, que peitava, sozinho, uma turma de valentões em uma balada, era capaz de fazer poesias, de cantarolar Cazuza, ler Dostoievski ou divagar sobre o universo e sua existência. Talvez este seja o ponto que o tornava um paradoxo humano. Uma pessoa difícil de se ler, de se entender. Até mesmo para os mais amigos. Existia ali uma força que não compreendíamos, e acredito que nem ele mesmo. Algo que criava uma inércia emocional que reservava 10% de seu eu para si, que consumia sua vontade de ir atrás do que sonhava. Deixava distante seu (UM) SONHO DE LIBERDADE (Ah, seu filme predileto). Algo que não conseguimos afastar dos outros 90% de sua persona. Um fatídico dia veio. Nos restou a saudade e a tarefa de propagar sua mitologia. A lenda de um rapaz incomum, que sabia ser rude e estúpido na mesma intensidade que sabia ser sensível e amigável. De um rapaz que era paradoxal demais para ser daqui. 


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