Minha primeira dança
Nem acredito que fez trinta! Ali na sala, sobre o chão de vermelhão, sob os olhares divertidos de pais, tios, primos e avós. Queriam que dançássemos, mas só tínhamos olhos para TV. Seus cabelos trançados e o macacão azul combinavam com o meu cabelão alvoraçado, shortinho amarelo e canelas russas. Sempre que fico saudoso, volto àquele lugar, aquela cena. Não só por ser uma das minhas primeiras lembranças da vida, mas por que ali conhecia minha primeira amiga. Sim, você pode não saber, mas foi. Por vezes sentava no meio-fio em frente a casa da Vó Drega à sua espera, todos os fins de semana festivo. Gostava mais de sua presença na páscoa do que chocolate. Crescemos. Seguimos nosso caminho, nossas vidas. Vez ou outra nos encontramos, em ocasiões tristes e felizes. E sempre está lá, sorrindo. As brincadeiras bobas e as provocações nós conservamos, como se voltássemos a ser aquelas crianças arteiras. E eu sei que nesse sorriso tem a genuinidade, a mesma que via quando debocháva...